sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Novos empreendedores usam tecnologia para acelerar negócios


As startups, ou empresas nascentes, estão ganhando força no Brasil e buscam tecnologia da informação e comunicação (TIC) de baixo custo para serem eficientes e atrair investidores. Levantamento da Serasa Experian revela que foram abertos no primeiro semestre de 2014 um total de 944.678 novas empresas no País, com aumento de 4,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Muitos desses negócios, que exploram os mais variados segmentos da economia, são erguidos para operar no mundo digital, com escritórios virtuais que possam funcionar em qualquer lugar, sem restrição de horário. Segundo pesquisa da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap), a nova geração de empresários inspira-se no modelo de empreendedores do Vale do Silício, na Califórnia (Estados Unidos), a meca dos negócios de TI. "Lá a cultura do empreendedor é de que basta ter acesso à internet e um local onde possam ficar seus dados e aplicações para começar a trabalhar. Esse modelo tem sido bastante disseminado no Brasil, principalmente por conta dos serviços novos de cloud computing [computação em nuvem]", diz Almir Meira Alves, professor e coordenador dos cursos de Engenharia da Computação e Engenharia de Produção 2.0 da Fiap. “As tecnologias atuais facilitam a gestão desses negócios, com comunicação para trabalho colaborativo, sem barreira física com suas equipes”, acrescenta Renato Fonseca, gerente da Unidade de Desenvolvimento e Inovação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em São Paulo (Sebrae-SP). Ele explica que as empresas conectadas contam com tecnologias que fortalecem o relacionamento com os clientes e disciplinam a gestão dos negócios

Novas tecnologias facilitam trabalho remoto nas empresas


Um paulistano gasta, em média, 2 horas e 46 minutos por dia no trânsito, de acordo com pesquisa divulgada pela ONG Nossa São Paulo. A rotina de trânsito e estresse se repete nas principais metrópoles brasileiras e tem estimulado empresas a aderirem ao trabalho remoto. Esse modelo permite que os executivos exerçam suas atividades de casa ou onde quer que estejam apoiados pelas novas tecnologias de comunicação colaborativa. O trabalho remoto é uma tendência global e começa a despertar mais interesse de empresas do Brasil. Relatório da consultoria Top Employers Institute com 20 companhias locais, que são referências nas melhores práticas em Recursos Humanos, apontou que 15% instituíram em 2014 o home office. Esse índice é mais que o dobro dos 6% reportados em 2013. Hoje há uma variedade de tecnologias para equipar o escritório virtual do trabalhador remoto, que vão dos dispositivos móveis com banda larga até os sistemas de telepresença para reuniões à distância. A Faculdade de Tecnologia Bandeirantes (BandTec), considera que a tendência do trabalho remoto está se fortalecendo com a computação em nuvem e com o conceito de PC virtual. Com essas tecnologias, as companhias podem transformar os computadores dos funcionários em desktop virtual, permitindo acesso de casa ou de onde estiverem, a seus e-mails e aplicativos. De acordo com Sandro Melo, coordenador do curso de redes de Computadores da BanTec, a vantagem é que as empresas centralizam os recursos de tecnologia da informação (TI) em um ambiente virtual, o que facilita na hora de atualizar as novas versões de software, realizar backups e fazer a manutenção dos sistemas. “É uma mudança que traz redução de custos operacionais”, analisa o professor.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Gestão da Qualidade Total


A Gestão da Qualidade Total, em inglês "Total Quality Management - TQM", consiste numa estratégia de administração orientada a criar consciência da qualidade em todos os processos organizacionais. É referida como "total", uma vez que o seu objetivo é a implicação não apenas de todos os escalões de uma organização, mas também da organização estendida, ou seja, seus fornecedores, distribuidores e demais parceiros de negócios. Compõe-se de diversos estágios, como por exemplo, o planejamento, a organização, o controle e a liderança. Um desenvolvimento posterior do conceito é o Seis Sigma. O conceito do TQM foi sendo desenvolvido por numerosos consultores empresariais norte-americanos tais como W. Edwards Deming, Joseph M. Juran e Armand V. Feigenbaum. Em 1961, Feigenbaum definia o TQC como um sistema eficaz que integra o desenvolvimento da qualidade, a manutenção da qualidade e os esforços de melhoria da qualidade entre os diferentes setores da empresa, com o objetivo de criar produtos/serviços com o máximo de economia e a plena satisfação dos consumidores. Mas foi no Japão (onde Deming e Juran trabalharam após a Segunda Guerra Mundial) que a Qualidade Total tomou o formato que influenciou os empresários do mundo todo. Shigeru Mizuno publicou o livro Company-Wide Total Quality Control, publicado pela Asian Productivity Organization em 1988, que teve milhares de edições vendidas no mundo todo. A Toyota, no Japão, foi a primeira organização a empregar o conceito de "TQM" (ver Toyotismo), superando a etapa do fordismo, onde esta responsabilidade era limitada apenas ao nível da gestão. No "TQM" os colaboradores da organização possuem uma gama mais ampla de atribuições, cada um sendo diretamente responsável pela consecução dos objetivos da organização. Desse modo, a comunicação organizacional, em todos os níveis, torna-se uma peça-chave da dinâmica da organização. Masao Namoto entrou na Toyota em 1943 e foi nomeado presidente da Toyoda Gosei (Conglomerado Toyota) em 1982. Em 1985 a empresa ganhou o Prêmio Deming (prêmio japonês) de gestão de qualidade. Em 1987, Nemoto teve dois livros publicados em inglês com o título Total Quality Control for Management - Strategies and Techniques from Toyota and Toyoda Gosei. Nemoto combinara o sistema de produção da Toyota (com o sistema Kanban e o just-in-time), os conceitos de qualidade e sua filosofia gerencial que resume em dez princípios. Tem sido amplamente utilizada, na atualidade, por organizações públicas e privadas, de qualquer porte, em materiais, produtos, processos ou serviços. 

A conscientização e a busca da qualidade e do reconhecimento da sua importância, tornou a certificação dos sistemas de gerenciamento da qualidade indispensável uma vez que: 
- Aumenta a satisfação e a confiança dos clientes; 
- Aumenta a produtividade; 
- Reduz os custos internos; 
- Melhora a imagem e os processos de modo contínuo; 
- Possibilita acesso mais fácil a novos mercados. 

A certificação permite avaliar as conformidades determinadas pela organização através de processos internos, garantindo ao cliente um material, processo, produto ou serviço concebido conforme padrões, procedimentos e normas. Uma organização que se propõe a implementar uma política de gestão voltada para a "qualidade total" tem consciência de que a sua trajetória deve ser reavaliada periodicamente. O objetivo último das organizações humanas é assegurar a sobrevivência da espécie. Por analogia, a finalidade última de qualquer organização, nomeadamente de uma do tipo empresarial é sobreviver. A condição “sine qua non” para que uma empresa possa executar os objetivos pretendidos pelos seus proprietários, administradores ou acionistas é que ela exista, que esteja viva. Caso esta condição não se verifique, nenhum dos objetivos pode ser perseguido, muito menos alcançado. A gestão da qualidade aponta para a preferência do consumidor, o que aumenta a produtividade, levando a uma maior competitividade e assegurando a sobrevivência das empresas. Podemos definir qualidade de inúmeras formas. Podemos considerar que é um atributo essencial e diferenciador de alguma coisa ou de alguém, como uma medida de valor ou excelência, como a adequação ao uso, tal como J.M.Muran a definiu, como “conformidade com as situações, nas palavras de P.B.Crosby, ou ainda, usando as palavras de Vicente Falconi, “um produto ou serviço com qualidade é aquele que atende sempre perfeitamente e de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo às necessidades do cliente”. 

Os princípios básicos da qualidade total são: 
- Produzir bens ou serviços que respondam concretamente às necessidades dos clientes; 
- Garantir a sobrevivência da empresa por meio de um lucro continuo obtido com o domínio da qualidade; 
- Identificar o problema mais crítico e solucioná-lo pela mais elevada prioridade (Pareto); 
- Falar, raciocinar e decidir com dados e com base em factos; 
- Administrar a empresa ao longo do processo e não por resultados; 
- Reduzir metodicamente as dispersões por meio do isolamento das causas fundamentais; 
- O cliente é Rei. Não se permitir servi-lo se não com produtos de qualidade; 
- A prevenção deve ser a tão montante quanto possível; 
Na lógica anglo-saxônica de “trial and error”, nunca permitir que um problema se repita.

A lógica para que as empresas se possam desenvolver de acordo com estes pressupostos é a lógica do PDCA (Plan; Do; Check; Act to correct)

domingo, 23 de novembro de 2014

Inadimplência: 5 passos essenciais para receber dentro do prazo


Uma das maiores dores de cabeça na gestão financeira de uma empresa é a dificuldade para receber dos clientes no prazo correto. Se eles atrasam, o fluxo de caixa fica comprometido e pode até faltar dinheiro para pagar as contas. Quando a relação é informal, situação comum para quem presta serviços, fica ainda mais difícil lidar com as contas a receber. Se a relação comercial não está clara, perdem-se prazos, valores e a credibilidade entre as partes. Por isso, separamos 5 passos essenciais para evitar a inadimplência e receber dos seus clientes dentro do prazo correto. 

1) Seja transparente: Deixe claro para o seu cliente as condições da negociação: o valor total cobrado, as formas e os prazos de pagamento, se é a vista ou parcelado e, especialmente, as consequências caso o seu cliente não pague na data correta. Elas podem ser multas, juros ou mesmo a interrupção do serviço, por exemplo. 

2) Lembre o seu cliente de pagar: Muitos clientes simplesmente esquecem a data de pagamento. Entre em contato com seu cliente pelo menos um dia antes do vencimento para lembrá-lo do compromisso que foi assumido. Neste momento, mantenha o tom amigável e vá direto ao ponto. 

3) Facilite o pagamento: Ofereça diferentes formas de pagamento para o seu cliente. Prefira receber com cartões de crédito ou débito, se possível. Apesar de você pagar uma taxa por isso, a operadora do cartão garantirá o recebimento do dinheiro. Se você não tem acesso a uma máquina de cartão você pode usar um sistema de pagamento online, como o PayPal, Moip ou PagSeguro. Tome cuidado com pagamentos em cheque. Na hora de descontá-los, pode descobrir que a conta do cliente não tem fundos, o que aumenta as suas chances de não receber o dinheiro. Outra opção é contratar uma carteira de cobrança em seu banco e emitir boletos, uma forma prática de receber pagamentos. 

4) Conheça o histórico: Mantenha um controle de vendas atualizado para analisar o histórico de clientes e identificar aqueles que oferecem maior risco de não te pagar. Se um cliente costuma pagar com atraso, é muito provável que irá atrasar novamente. Mesmo que você decida fazer uma venda para um cliente com histórico problemático, tente oferecer condições de pagamento menos flexíveis. Vale também consultar o CPF ou CNPJ do cliente em órgãos como o SPC ou Serasa, o que pode te dar proteção extra. 

5) Preste atenção na sazonalidade: Existem épocas do ano nas quais seus clientes podem estar com as contas mais apertadas. Os três primeiros meses do ano são os que apresentam um maior índice de inadimplência. Portanto, fique atento e evite oferecer crédito facilitado nesta época. Você pode também identificar diferentes sazonalidades no seu negócio por meio do seu controle de vendas, analisando os meses em que teve mais dificuldade em receber. Lembre-se: prevenir é melhor do que remediar. Aplicando essas dicas, você aumenta a chance de alavancar os seus negócios. Afinal, não há nada melhor do receber dos seus clientes em dia!

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O que é análise de sensibilidade?

A análise de sensibilidade é uma fase extremamente importante no processo de análise da concessão de um crédito. Nesta fase, o agente de crédito ou analista financeiro irá monitorar a situação macroeconômica a fim de prever situações que poderão aumentar o nível de risco da operação.
Santos (2006) cita como exemplo o monitoramento das taxas de juros. O aumento das mesmas pode desencadear a redução do nível de atividade econômica ou até levar à recessão, reduzindo a capacidade de geração e retenção de fluxos de caixa, comprometendo a capacidade real de pagamento dos compromissos financeiros das mesmas.
É importante que os analistas de crédito monitorem o mercado e a economia em geral a fim de prever possíveis situações de desequilibro na economia. O objetivo é evitar o cenário de incumprimento dos pagamentos nas suas carteiras de crédito. Blatt (1999) explica que uma correta avaliação do mercado pode ajudar a definir quais taxas serão praticadas, quais prazos de pagamento são mais favoráveis e em quais situações o devedor poderá se tornar incumpridor.

O que é análise patrimonial?

A análise patrimonial é frequentemente utilizada para a avaliação das garantias que os clientes podem oferecer para vincularem ao contrato de concessão, segundo Santos (2006). O autor define garantia como a vinculação de um bem que assegure a liquidação do crédito caso o tomador não honre suas dívidas.
Entretanto, Blatt (1999) defende que a concessão do crédito não pode estar atrelada ao bem disposto como garantia, pois assim a organização estaria comprando um bem que não é de interesse.
Santos (2006) complementa dizendo que a finalidade da garantia é evitar que fatores imprevisíveis impossibilitem a quitação do crédito adquirido pelo solicitante. O Banco Central estabelece que as instituições financeiras que trabalham com a concessão de crédito devem exigir dos solicitantes garantias suficientes para garantir o retorno do capital utilizado na operação.
Porém, fica a cargo da instituição de concessão de crédito definir quais garantias serão aceitas, bem como a real necessidade das mesmas para a realização da operação de crédito. Além disso, Santos (2006) diz que as garantias reais (bens) devem ser corretamente analisadas para se verificar a possibilidade de solvência das mesmas, assim como seu valor de mercado real e a existência de ações legais que impeçam que sejam utilizadas.

O que é análise de relacionamento?

A análise de relacionamento baseia-se principalmente na análise realizada sobre as informações extraídas do histórico do relacionamento do cliente com o credor e o mercado de crédito. Quando o cliente já é conhecido da instituição de concessão de crédito, é possível extrair informações de créditos adquiridos anteriormente, taxas de juros aplicadas, frequência de utilização, pontualidade na amortização, dentre outros.
Santos (2006) acredita que essa análise de relacionamento auxilia na análise da idoneidade do cliente e pode garantir uma decisão mais favorável ou não à concessão do crédito. Contudo, aponta a dificuldade dos agentes de crédito de conseguirem informações precisas junto a outras instituições de crédito devido à necessidade de manter sigilo sobre as operações com que trabalham. Conhecer o patrimônio dos clientes é importante no processo de análise de crédito, principalmente para que seja possível vinculá-lo em contratos de crédito sempre que for verificada a existência de algum risco maior.

O que é análise financeira?

Segundo Blatt (1999) a análise financeira é primordial para a determinação das forças e fraquezas financeiras do cliente, a partir das informações das demonstrações financeiras do mesmo. A análise da renda total do cliente e posterior análise de compatibilidade com os créditos pretendidos é uma fase de vital importância no processo de análise dos riscos de crédito.
Para Black; Morgan (apud Santos, 2006), deve ser dada atenção especial à análise da renda, pois consideram existir relação direta entre a renda e a taxa de inadimplência de pessoas físicas. Santos (2006) ainda diz que é de suma importância determinar o valor exato da renda e a sua regularidade, bem como a probabilidade de continuar sendo recebida. Desta maneira é possível identificar fatores que poderão vir a prejudicar o futuro pagamento da dívida contraída.
Autores como Santos (2006), Blatt (1999) e Schrickel (2000) definem os Demonstrativos de Pagamento, Declaração de Imposto de Renda e Extratos Bancários como as melhores fontes de informações sobre a renda do cliente.
Os Demonstrativos de Pagamento, fornecidos pelos empregadores dos solicitantes de crédito, constituem-se na fonte mais utilizada pelas instituições de concessão de crédito. A Declaração do Imposto de Renda é uma fonte alternativa de dados que possibilita um melhor cálculo sobre a renda média mensal do solicitante, segundo Santos (2006).
No caso de pessoas físicas autônomas ou profissionais que trabalhem em atividades sazonais, o agente de crédito deve tomar especial cuidado com discrepâncias na renda média mensal do cliente. Para Santos (2006), nessa situação, a comprovação da renda é de extrema dificuldade e por isso o agente de crédito deve se basear em cálculos aproximados a partir de demonstrativos bancários, tais como extratos de contas bancárias.
É sugerido, por Santos (2006), a construção de um Balanço Patrimonial adaptado do solicitante do crédito, por parte do agente de crédito. Tal instrumento visa a uma melhor visualização dos ativos e passivos a fim de determinar a situação financeira e capacidade de pagamento do cliente.
Os ativos representam os bens, tanto financeiros como patrimoniais, dos clientes. São colocados em ordem de liquidez, iniciando pelos ativos que melhor possam ser convertidos em receita imediata, representados por valores em conta corrente, salário e outros, até os ativos menos líquidos, como por exemplo, veículos e imóveis. Os passivos representam todos os compromissos que o cliente assumiu com o mercado de crédito ou para a compra de bens e serviços. São organizados de maneira a iniciar pelos de maior solvência (imediata) até os de maior prazo de pagamento.
Segundo Santos (2006), quanto maior for o saldo do ativo total em relação ao passivo total, maior será a capacidade de o cliente honrar as dívidas adquiridas. Neste caso, o patrimônio líquido, calculado pela diferença entre o total dos ativos e o total dos passivos, será um excelente indicador da riqueza do cliente e, por conseguinte, da capacidade de pagamento do mesmo.

O que é análise de idoneidade?

A análise de idoneidade consiste no levantamento e análise de informações relacionadas à idoneidade do cliente com o mercado de crédito. Segundo Santos (2006), esta análise baseia-se na coleta de informações sobre o solicitante do crédito junto às empresas especializadas no gerenciamento de risco de crédito. Empresas como Serasa, Boa Vista Serviços (SCPC), EQUIFAX e SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) são exemplos de organizações que podem fornecer informações úteis sobre a situação de crédito do cliente.
Para Santos (2006), a análise da idoneidade deve ser um das primeiras informações averiguadas, pois caso o cliente não possua informações negativas as demais informações poderão ser coletadas e analisadas para a análise do risco total.
A idoneidade do cliente pode ainda ser classificada em quatro categorias, conforme Santos (2006):
  • Sem Restritivos: quando não há informações negativas sobre o cliente no mercado de crédito;
  • Alertas: quando há registros antigos no mercado de crédito, já solucionados, que não impedem a concessão de novos créditos. Apenas ocorre a exigência de uma análise mais criteriosa por parte do agente de crédito;
  • Restritivos: indicam que o cliente possui informações desabonadoras no mercado de crédito. São exemplos: registros de atrasos, renegociações e geração de prejuízos a credores. Podem ser classificadas como de caráter subjetivo (de uso interno de instituições do mercado de crédito) ou de caráter objetivo, tais como protestos, registros de cheques sem fundo, ações de busca e apreensão, dentre outros; e
  • Impeditivos: são apontamentos que impedem que pessoas físicas atuem como tomadores de crédito, a exemplo de bloqueios de bens, impedimentos no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), proibições legais de concessão de crédito, dentre outros.

O que é análise cadastral?

A análise refere-se a processo de análise dos dados de identificação dos clientes. Conforme Blatt (1999) evidencia, o sucesso da concessão do crédito depende de informações confiáveis a respeito do cliente. Santos (2006) complementa, dizendo que: "O levantamento e a análise das informações básicas de crédito são requisitos fundamentais para a determinação do valor do crédito, prazo de amortização, taxas de juros e, se necessário reforço ou vinculação de novas garantias." (SANTOS, 2006, p. 47). Segundo o Manual de Normas e Instruções do Banco Central do Brasil (2006), as instituições de crédito, micro crédito e bancos tradicionais só devem conceder empréstimos (crédito) a tomadores se possuírem adequadas e não restritivas informações cadastrais. Schrickel (2000) reafirma todos estes fatos, dizendo que as instituições de crédito devem munir-se de elementos informativos essenciais e indispensáveis sobre o potencial tomador do crédito, antes de manter qualquer tipo de relacionamento concreto ou formalizar alguma operação de crédito. Porém, todas as instituições de crédito devem atentar para o sigilo das informações coletadas pelos agentes de crédito. Schrickel (2000) sugere que as informações e documentação pessoal devem ser mantidas arquivadas sobre minucioso controle. Tal atenção é necessária para que ocorra sigilo das informações e para que melhor lhe permita o controle, manuseio e atualização dos dados. Os dados que deverão ser identificados para análise, segundo Santos (2006), deverão ser os seguintes:

  • Escolaridade;
  • Estado Civil;
  • Idade;
  • Idoneidade;
  • Moradia (se própria ou alugada e tempo de residência);
  • Número de dependentes;
  • Renda (principal e complementar);
  • Situação legal dos documentos; e
  • Tempo no atual emprego ou atividade exercida.

  • Santos (2006) ainda defende que no processo de análise de crédito deve-se considerar todas as informações relacionadas com a situação financeira do cliente, pois a análise conjunta dos dados irá fornecer informações mais precisas para a tomada de decisão. Para Schrickel (2000), o agente de crédito deve atentar para a seguinte documentação legal:
    • Certidão de Casamento, se casado (a);
    • Cédula de Identidade (RG);
    • Cartão de Identificação do Contribuinte (CPF);
    • Declaração de Bens (anexo da declaração do Imposto de Renda), conforme Lei 8.009/1990 – Lei de Impenhorabilidade do Bem de Família;
    • Comprovante de rendimentos;
    • Comprovante de residência;
    • Procurações (se houver);
    • Cartões de Instituições Financeiras (originais); e
    • Ficha Cadastral preenchida e assinada.
    Por fim, Blatt (1999) explica que a ficha cadastral é um resumo da vida do cliente, por meio da qual o credor tem a possibilidade de obter um conhecimento inicial sobre o mesmo. Ele ainda define como “[...] um conjunto de informações financeiras e não financeiras que subsidiam o processo decisório de crédito, auxiliando na avaliação [...] do cliente. (BLATT, 1999, p. 78).

    Análise de crédito para Pessoa Física

    O processo de análise de crédito para pessoa física visa a identificar os riscos para a organização que está concedendo o crédito, evidenciar conclusões quanto à capacidade de pagamento do tomador e fazer recomendações sobre o melhor tipo de empréstimo a ser concedido. A análise ocorrerá conforme as necessidades do solicitante e dentro de um nível de risco aceitável, a partir de documentação apresentada e análise da mesma, objetivando a maximização dos resultados da instituição, segundo Schrickel (2000). Este processo é extremamente importante para a análise de crédito efetuada em organizações de concessão de microcrédito, principalmente devido à simplificação e desburocratização desta modalidade, conforme explicado anteriormente. Além disso, a análise subjetiva de crédito não é um exercício que visa ao cumprimento de disposições normativas, mas sim tem por objetivo chegar a uma decisão clara sobre a concessão ou não do crédito ao solicitante, acrescenta Santos (2006). Porém, o processo de análise subjetiva, como o próprio nome diz, não é uma ciência exata, podendo existir inúmeras soluções para cada situação de concessão, sendo certo que a análise pode fazer emergir opções durante o processo decisório, complementa Blatt (1999). É preciso dizer, ainda, que a análise de crédito é um processo organizado a fim de reunir e montar todos os fatos que conduzem ao problema, determinar as questões e suposições relevantes para a tomada de decisão, analisar e avaliar os fatos levantados e desenvolver uma decisão a partir das alternativas funcionais e aceitáveis. Schrickel (2000) complementa que a análise será mais consistente quanto mais presentes e valiosas forem as quantificações dos riscos identificados e praticidade, bem como a viabilidade das conclusões chegadas. Portanto, o processo de análise de crédito para pessoa física baseia-se na qualidade das informações obtidas e nas decisões decorrentes. Essas decisões devem ser práticas e viáveis dentro de um modelo funcional adaptado à realidade da organização. Além disso, em qualquer situação de análise de crédito, há três etapas distintas a percorrer, conforme Schrickel (2000): Análise Retrospectiva: avaliação do desempenho histórico do tomador potencial, analisando os riscos inerentes ao mesmo e como foram contornados. Este processo visa a identificar fatores na atual condição do tomador que possam dificultar o pagamento da divida; Análise de Tendências: projeção da condição futura do tomador do crédito, a fim de avaliar o nível de endividamento suportável e o quão oneroso será o crédito que se espera obter; e Capacidade Creditícia: a partir do grau de risco que o tomador apresenta e a projeção do seu nível de endividamento futuro, avaliar a capacidade creditícia do tomador, ou seja, qual a quantia de capital que ele poderá obter junto ao credor.
    Para que ocorra uma análise minuciosa de risco da operação de concessão de crédito à pessoa física, é preciso passar por algumas fases distintas durante o processo. Santos (2006) define seis fases para este processo: Análise Cadastral; Análise de Idoneidade; Análise Financeira; Análise de Relacionamento; Análise Patrimonial; e Análise de Sensibilidade.