domingo, 9 de março de 2014

Cuidados da empresa quando o empregado faz "corpo mole" para ser demitido

 
A relação empregatícia é sempre originada da vontade das partes - empregado e empregador - que, em comum acordo, resolvem estabelecer o vínculo de emprego. Se há apenas a vontade de uma das partes, este vínculo não acontece, seja por conta do salário e dos benefícios oferecidos pela empresa que não satisfez o trabalhador candidato, seja por conta das qualificações e competências do trabalhador candidato que não atenderam aos requisitos estabelecidos pela empresa. Da mesma forma que as partes tomam a iniciativa para se estabelecer ou não esta relação contratual no ato da admissão, assim também deveria o ser para se romper o vínculo empregatício. Infelizmente nem sempre isto acontece de maneira "saudável" por conta do desgaste no relacionamento interno entre empregado e empregador (entenda-se aqui chefes, encarregados, gerentes), o que acaba desencadeando insatisfações de ambas as partes. São inúmeras as situações em que o empregado, já insatisfeito com a empresa ou com o chefe, começa a agir de forma diferente de como sempre vinha fazendo no desempenho de sua função, deixando claro sua intenção em sair da empresa. Para não perder alguns direitos garantidos pela legislação trabalhista no caso de demissão imotivada, o empregado começa a fazer "corpo mole" na esperança de que a empresa se "sature" de suas atitudes e o demita. Por outro lado a empresa, percebendo a atitude do empregado e não querendo arcar com custos desnecessários, não dá o "braço a torcer" e aí começa a "guerra". O primeiro age com provocações como, faltas ao trabalho, desleixo no desempenho das atividades, descumprimento parcial de ordens, entrega em atraso de trabalhos visivelmente fáceis de serem atendidos, atrasos sem justificativas de forma contínua entre outras artimanhas utilizadas com intuito de ser demitido. A segunda, se utilizando de todo seu poder diretivo e punitivo, atribuindo novas tarefas ao empregado, advertindo-o por faltas e atrasos, investigando atestados médicos e questionando a veracidade dos mesmos, punindo-o com suspensões por faltas injustificadas, transferindo-o para outros setores com objetivo de provocar o pedido de demissão. Inúmeros são os artifícios e provocações utilizados por ambas as partes para que, em algum momento, uma se sinta esgotada e acabe "jogando a toalha" e cedendo à vontade da outra. Aquela motivação espontânea que se via no momento do vínculo contratual se rendeu ao desgaste de um relacionamento interno já saturado por intrigas, desavenças, assédios de ambas as partes e falta de respeito, proporcionando um ambiente de trabalho insustentável e impossível de ser mantido. Neste momento é preciso identificar (RH) os agentes causadores deste ambiente. Na verdade deveria ter sido identificado bem antes de gerar todo este transtorno. Mas se não foi possível manter o vínculo, que este seja desfeito da melhor maneira possível. Por isso a empresa deve agir de forma prudente e a conversa, na maioria das vezes, é o melhor antídoto a esse "veneno" que pode desencadear num descontentamento geral da equipe do empregado que está provocando a desligamento, bem como num possível processo trabalhista. Há muitas organizações que preferem desligar de imediato o empregado e manter um ambiente saudável na empresa do que iniciar uma "queda de braço" para ver quem vence no final em detrimento de um descontentamento geral. De forma alguma se está afirmando que se deixar vencer pelas provocações do empregado que faz "corpo mole" seria a melhor saída, até porque a empresa precisa fazer valer as suas regras de forma que todos as cumpram, sob pena de gerar a desconfiança e a insubordinação dos demais empregados. Se o empregado age de forma negligente, com desídia, indisciplina ou insubordinação, utilizar-se de advertências verbais e formais, solicitar o afastamento do empregado pelo departamento médico por conta de inúmeros atestados apresentados, aplicar suspensão disciplinar, punir a remuneração com o desconto de faltas e DSR ou mesmo utilizar-se de outras medidas previstas legalmente como a justa causa, é um direito do empregador garantido pelo art. 2º da CLT. A justa causa está prevista no art. 482 da CLT o qual estabelece quais os atos faltosos cometidos pelo empregado ensejam o justo motivo do desligamento. É preciso avaliar primeiramente se, a utilização destas medidas e o desgaste que se tem ao longo do tempo até que se caracterize uma justa causa, por exemplo, não seria melhor envolver o empregado e porque não, até sua família, para demonstrar que suas atitudes só irão protelar um desligamento que acabará sendo prejudicial a ele mesmo. Convencê-lo a pedir demissão em troca de uma carta de recomendação ou até uma ajuda para recolocação no mercado de trabalho, pode ser uma saída simples, barata e principalmente, sem gerar insatisfação e sem provocar um novo encontro perante a Justiça do Trabalho decorrente de um litígio trabalhista.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Fofocas no ambiente de trabalho: quais os prejuízos e como evitar? - Por Beatriz Nunes Bernardi

 
A conversa é muito benéfica em momentos de descontração da empresa, para a integração entre profissionais e o networking. No entanto, dependendo da maneira em que são feitos os comentários e do assunto sobre o qual vai se vai falar, diálogo pode se tornar fofoca. Criar intrigas, propagar informações confidenciais ou que distorçam comentários de colegas e que, sobretudo, tenham o poder de gerar conflitos, é extremamente prejudicial, tanto para o colaborador que se envolve neste tipo de situação, quanto para o clima organizacional de toda uma corporação. Segundo Beatriz Nunes Bernardi, psicóloga da Mega Sistemas Corporativos, a prática da conversa de corredor, conhecida vulgarmente por “rádio peão”, pode ser um precedente para que um ambiente de tensão e de instabilidade emocional se instale, impactando negativamente no desempenho dos funcionários e fragilizando o espírito de equipe. Nesse sentido, a postura do gestor é fundamental. “É necessário debelar o problema, se ele surgir, de imediato. Existem casos extremos em que a vida pessoal e a reputação de um ou mais colaboradores ou da própria companhia são maculadas devido a fofocas infundadas”, alerta Beatriz. Estar atento em como a equipe se relaciona, certamente, pode ajudar o líder a identificar a origem de um mal-estar coletivo e, assim, reverter a situação. “É esperado que os gestores atuem de forma incisiva e inteligente em relação ao que é comentado nos corredores, acabando com situações de constrangimento e falta de comprometimento profissional de algumas partes. E a ferramenta para isso é o Feedback”, pondera. A psicóloga alerta que a área de Recursos Humanos também deve estar preparada para intervir em casos extremos. “É dever do RH zelar pelas boas relações interpessoais, promovendo um clima favorável para a conquista dos objetivos da empresa e para o crescimento profissional de toda a equipe”, finaliza Beatriz.

sábado, 25 de janeiro de 2014

É bom ser ambicioso no âmbito profissional? Por Roberto Girola

 
Em primeiro lugar cabe perguntar o que entendemos por “ser ambicioso”. Quando tachamos um colega de ser ambicioso, provavelmente estamos querendo nos referir a ele como alguém que enfrenta sua carreira de forma agressiva, disposto a subir a qualquer custo, provavelmente até puxando o tapete dos outros. Neste caso, a palavra “ambicioso” tem uma conotação negativa.
A pesar disso, não é raro que, nas entrevistas de emprego, o entrevistador pergunte ao candidato se ele é ambicioso. Admitir de não ser ambicioso, nesse caso, pode resultar em um ponto a menos para ser contratado. Onde fica então a virtude da humildade? Por que as empresas preferem muitas vezes pessoas agressivas e ambiciosas e descartam os que são mais humildes e despretensiosos?
O motivo é simples, na avaliação dos que conduzem os processos de seleção, os humildes e despretensiosos geralmente tendem a ser mais passivos, fazem o que o chefe pede, ficam quietos no seu canto, mas não se preocupam em trazer melhorias para o seu trabalho, buscar novas tarefas onde possam desenvolver suas habilidades, não buscam novos desafios.
 
Afinal, é bom ou ruim ser ambicioso? Na maioria dos casos, pessoas ambiciosas são tidas como arrogantes e agressivas, mas deve ser necessariamente assim? O ambicioso pode ser humilde, ou é alguém disposto a fazer carreira a qualquer custo, mesmo que isso implique em puxar o tapete dos colegas?
 
Se consultarmos um dicionário (cf. Aurélio) o verbete ambição apresenta definições bastante diferentes:
1. Desejo veemente de alcançar aquilo que valoriza os bens materiais ou o amor-próprio (poder, glória, riqueza, posição social, etc.):
2. Desejo ardente de alcançar um objetivo de ordem superior; aspiração, anelo:
3. Aspiração relativamente ao futuro:
4. Desejo intenso.
 
Não devemos confundir ambição com agressividade desmedida, mau caráter e arrogância. Apenas a primeira definição pode levar a considerar a ambição sob uma ótica eticamente questionável. As demais definições se aproximam da maneira como a ambição pode ser vista do ponto de vista psíquico e ajudam a entender por que os entrevistadores preferem selecionar para um cargo alguém ambicioso.
Na realidade, a ambição está ligada à maneira como o nosso psiquismo encara o mundo externo, a vida, o futuro. Do ponto de vista psicológico, o que move o ambicioso é o desejo, a aspiração. Sem desejo a energia psíquica não se movimenta em direção aos objetos do mundo externo.
Eis porque quem não tem ambição tende a ser passivo e, portanto, pouco interessante do ponto de vista profissional. Quem “deseja” está vivo, atuante, é dinâmico, sai em busca da realização dos seus objetivos. Não há como negar que alguém assim é mais interessante para uma empresa do que alguém apático, parado, que não sabe quais são seus objetivos.
Longe de ser uma desvantagem, a ambição pode ajudar bastante no mundo do trabalho, desde que não leve a ser agressivo com os outros e a faltar com a ética profissional.